quarta-feira, 11 de abril de 2012

0

A DANÇA DOS ARCOS 10 - JANDIRA ZANCHI


10.
- Atílio – e Marian ainda estremecia de seus olhos – pareço escutar na amplitude de minha alma as divagações dos Mestres para a cerimônia dos Arcos.
- Apiedam-se da pouca sabedoria dos discípulos que principiam a debruçar-se sobre as leis da arte.
- São escusos e ,talvez, um pouco escuros. Seus perfis angulosos são rudes, agrestes de profundidade, ígneos de vontade.
- Não será loura a face do vencedor, até porque não foi em momento de ouro e facilidade que se formou. É no rim de suas vísceras que o poeta vislumbra o altar da melhor imagem.
- Aquela que sem dispor de nenhuma face, é colhida por meio de alegorias frias, mitos de formosura e simplicidade.
- O homem ampliou a mente para acompanhar a trajetória da virtude.
- Foi detido pelo excesso de ventos e vultos que se alternavam nas margens do tempo.
- O invólucro procura a si mesmo na água cristalina, no ígneo da estrela, na caverna insone e nas brincadeiras das águas.
- Move-se em círculos e embates, ataviando-se na praia de suas imagens.
- Colhe-se e encolhe-se, movimento de amplidão e reclusão, espaço e sôfrego sossego. Ajeita-se em todas as barreiras e frestas.
- Até emplumar-se, no vôo contínuo, de muito prumo.
- É a sua dança, de arcos e luz, ora aérea, muitas vezes oprimida, ciente e vaporosa na firme intenção de resolver-se.
- Cada embate, sem excessiva sofreguidão, achará a multiplicidade de seus acertos.
No amplo salão Marian circulou, com muito espírito, o contorno dos variados passos. Bailava, com reflexos de dança, os sentidos das órbitas e genuflexões dos pequenos astros. Parecia, ao movimentar-se com tanta graça no solo de um arcanjo, esclarecer da ineficácia dos desejos vertidos evaporando-se em cinco pontas. Vagando e circulando foi renegando, em muitos mil, as vespertinas de tantos e inúteis dias.

Seja o primeiro a comentar: