segunda-feira, 30 de abril de 2012

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GRANDEZA


Era uma felicidade só, perceber que o sol se recolhia. Faltava pouco para anoitecer e ela poder se regozijar com os pontos cintilantes do céu estrelado. De uns tempos para cá, ela passara a perceber essas coisas. Tornara-se uma mulher romântica, cuidadosa e observadora. O tumulto do trânsito já não a incomodava, somente os perigos das ruas a colocavam em alerta. Mas aquele pássaro elegante, em seu voo rasante às margens do riacho, desviava sua atenção de qualquer dissabor. Mais uma quadra e estaria lá. Imaginar aqueles braços ao redor do pescoço, a boca molhada ofertando um beijo único e lambuzando seu rosto, as palavras desconexas... A simples antecipação dessa imagem lhe trazia prazer. Um prazer tão peculiar! Chegou! E imediatamente se ajoelhou feliz, para receber aquele abraço tão esperado, de entrega total e verdadeira, que nem a morte poderia separar. E beijou seu filho como fazia todas as noites.

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