sexta-feira, 20 de abril de 2012

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ÍNDIO

Tão linda menina da tribo,
nascida do ventre da terra,
se enfeita de flor e da lua
e brinca nas ondas do mar.


Que cuida de toda a floresta,
que colhe os seus frutos do chão, semeia de amor cada gesto,
saúda e se orgulha dos mortos.


Reparte com gosto o seu pão
e espalha altivez na pegada,
é forte e confia no vento,
é frágil se presa num nó.



Menina bonita, perdão!
Tomei teu quintal e teu canto,
pisei no teu dom, tua guerra,
matei o selvagem de ti.


A mim, não me vejo um irmão,
não tenho direito ao teu riso,
nem sei liberdade ou querer.
Oh! Mestre, me ensina a ser eu!


Tupi, Guarani, Goitacaz...
Tão longe de mim e tão eu,
o orgulho da pátria, a raiz,
frondosa, definha à míngua.


Um dia chegamos ao fim,
tacapes e zarabatanas,
museus, tantos livros e fotos
e nunca aprender a lição.


O homem é livre e é seu rei,
não pode mandar em ninguém.
Se o peito entorpece, ele esquece
que vai se extinguir mais além.


Resgata esse índio de ontem!
Venera a origem de tudo!
Lamento, menina, lamento...
Se sou teu algoz, porque mudo.


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1 Comentário

Arnoldo Pimentel

Um poema tão lindo quanto a natureza, parabéns.