segunda-feira, 21 de maio de 2012

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Pequenas histórias 004.

 

 
 
Realmente é de se admirar o panorama musical dos dias de hoje. Se uma música como 
“Vai tomar no cu” se torna um hit é algo descabido ou sei lá o que, pergunto: o que será daqui para frente? Vamos dar um ponto positivo para a artista que criou esse hit que circulou pela Internet fazendo dela um sucesso. Vamos dar um ponto pela criatividade musical, pela tonalidade da voz e, talvez não tenho certeza, a música faz parte de um espetáculo teatral ou musical, não sei, pois hoje em dia é melhor ficar a margem dos acontecimentos. Por isso não posso criticar, teorizar, ou mesmo comentar tal obscurantismo musical que estamos passando. É uma pena.
Não que na época da ditadura, que eu acho que foram os anos áureos da música, onde surgiram várias obras-primas, não tinha uma ou outra musica de baixa qualidade. Tinha sim. E uma que lembro foi à música do Odair José, “Pare de tomar a pílula”. Não fez tanto sucesso como “Vai tomar no cu”, isto porque, naquela época tínhamos apenas o rádio e a televisão, Internet nem pensar. E “Pare de tomar a pílula” ficou conhecida, vamos dizer, do povão porque foi criado um escândalo promovido por Maria Bethânia, quando surgiu o espetáculo “Phono 73” que rendeu três discos (os vinis, os LPs, os bolachões) imperdíveis, muito bom, dando uma panorâmica da atualidade musical daquele tempo. O “Phono 73” tinha como característica criar duplas das mais estranhas e das mais dispares. “Pare de tomar a pílula”, Odair José faria parceria com Caetano Veloso, mas sua querida irmãzinha Bethânia fez um escândalo não deixando o irmão fazer essa atrocidade. Que me lembro Caetano não chegou mesmo a cantar com Odair. Tenho um desses três vinis, um que a Gal Costa canta com Os Demônios da Garoa, a obra prima de Adoniram Barbosa, “Trem das onze”, se não estou enganado. Preciso pesquisar para ver se lançaram esses discos em CDs. Será?
Coloco a letra da música do Odair José, para quem não conhece conhecer.

 Pare De Tomar A Pílula
Odair José

Já nem sei há quanto tempo
nossa vida é uma vida só
e nada mais

Nossos dias vão passando
e você sempre deixando
tudo pra depois

Todo dia a gente ama
mais você não quer deixar nascer
o fruto desse amor

Não entende que é preciso
ter alguém em nossa vida
seja como for

Você diz que me adora
que tudo nessa vida sou eu
então eu quero ver você
esperando um filho meu
então eu quero ver você
esperando um filho meu

(REFRÃO)
Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula
Porque ela não deixa o nosso filho nascer (3x)

Você diz que me adora
Que tudo nessa vida sou eu
Então eu quero ver você
Esperando um filho meu
Então eu quero ver você
Esperando um filho meu

Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula
Porque ela não deixa o nosso filho nascer (3x)

28.09.07
pastorelli

2 comentários

andre albuquerque

Pastorelli: excelente texto, sobre um tema recorrente na MPB.Lembro da fúria de Flávio Cavalcanti , quebrando as bolachas de vinil no seu "Um instante maestro", veiculado pela TV Tupi ; na época, havia um júri, onde estranhamente (comparando-se com os dias de hoje) os jurados entendiam ( e muito de música): Sérgio Bittencourt, Nélson Mota, Sérgio Augusto , entre outros. Na época, o malho descia sobre Teixeirinha,campeão de vendas, que bombava nas vendas com o seu "Coração de luto " ou "Churrasco de mãe", conforme os mais linguarudos.Comparando as letras do Teixeirinha com essa melô proctológica, o gaúcho era o pudor personificado; depois vieram o Farofa-fá e outras coisas ; na linha mais escatológica (para a época) , lembro um disco quebrado pelo Flávio, onde o refrão da música eram arrotos; imagino o que seria uma versão atualizada...dizem que muitos forçavam a barra para terem discos quebrados pelo Flávio ; dava ibope, hoje, sem a crítica inquisitorial do Flávio, o cara manda tomar dentro...Agraço.André

Jorge Xerxes

Pastorelli,

Apreciei Muito o Seu Texto!

"Já nem sei há quanto tempo
nossa vida é uma vida só
e nada mais"

Válida a Crítica.

Um Grande Abraço, Jorge