segunda-feira, 23 de julho de 2012

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ENTROPIA


 
Poupa-me da travessia de noites extraviadas,
Da ditadura dos suspiros da palavra,
Da moldura do teu sorriso pérsico.
Livra-me da ensurdecedora notícia dos teus dias,
Da premissa das frestas de olhares vagos,
Do impulso premente de fiar ausência.
Preserva-me das lôbregas profundezas da covinha do teu queixo
E do abismo abrolhoso do silêncio,
Em queda livre por anos-luz de apascentar dúvidas.
 
Quisera desvendar-te, conhecer teus oblíquos motivos,
Enfeitar teus suores de rubor pérfido,
e colher o rescaldo do ofertório de claustro mariposado ao teu redor.
 
Expulsa-me da cama de opalina,
Da torturante mácula do vazio,
E lança-me à demência, envolta em sídon,
Para que eu possa riscar-te de mim
E enterrar o olhar cisalhante,
Pousado nos galhos reumatóides
Do solstício do que não vivi.

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2 comentários

O HOMEM SEM MEDO

À palavra nascente que corre dos teus versos/
patentes no leito do meu sorriso/
dócil e mental, lúgubre e confortável/
submerso apenas digo contente://

Chova, chova com toda a força tua,
revigora-me da secura dos estertores
da velha fatuidade que aqui atua
à decrepitude dos meus versos devedores!

Migra-me de mim para mim mesmo
para um estado dantes visceral
ora seco, adstringente, feio, inermo
submersível pelo poder de sua palavra vorpal.

Lílian Maial

Olá, FearlessMan!
Não consegui contato. Gostaria de dizer o quanto apreciei o poema e de conhecer seus escritos. Se importa?