Poupa-me da travessia de noites extraviadas,
Da ditadura dos suspiros da palavra,
Da moldura do teu sorriso pérsico.
Livra-me da ensurdecedora notícia dos teus dias,
Da premissa das frestas de olhares vagos,
Do impulso premente de fiar ausência.
Preserva-me das lôbregas profundezas da covinha do teu queixo
E do abismo abrolhoso do silêncio,
Em queda livre por anos-luz de apascentar dúvidas.
Quisera desvendar-te, conhecer teus oblíquos motivos,
Enfeitar teus suores de rubor pérfido,
e colher o rescaldo do ofertório de claustro mariposado ao teu redor.
Expulsa-me da cama de opalina,
Da torturante mácula do vazio,
E lança-me à demência, envolta em sídon,
Para que eu possa riscar-te de mim
E enterrar o olhar cisalhante,
Pousado nos galhos reumatóides
Do solstício do que não vivi.
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2 comentários
À palavra nascente que corre dos teus versos/
patentes no leito do meu sorriso/
dócil e mental, lúgubre e confortável/
submerso apenas digo contente://
Chova, chova com toda a força tua,
revigora-me da secura dos estertores
da velha fatuidade que aqui atua
à decrepitude dos meus versos devedores!
Migra-me de mim para mim mesmo
para um estado dantes visceral
ora seco, adstringente, feio, inermo
submersível pelo poder de sua palavra vorpal.
Olá, FearlessMan!
Não consegui contato. Gostaria de dizer o quanto apreciei o poema e de conhecer seus escritos. Se importa?
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