domingo, 8 de julho de 2012

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O POETA - JANDIRA ZANCHI




O que faz o poeta nesse tempo de homens sem rosto, de corações vazios e desesperados, de silêncios mal resolvidos e ameaçadores, de incertezas, de estranhos desnudares de violências e inconstâncias?

O que faz o poeta em meio aos salões de falsas alegrias, nessa ausência insana de mistério e continuidade dos ternos sentimentos, das grandes alegorias, do presépio da esperança e da simplicidade?

esse poeta que só escreve palavras registra fatos
 aprende reaprende vozes olhares ódios invejas
de seres pequenos em pequenos desejos

O que faz essa sensibilidade que se surpreende de contextos que não o contém,
que se levanta a cada dia pra o constante arrombamento do que o humano guardou
como imagem, mistério e paradigma de deuses e bichos, biombos nesses caminhos paralelos que ao se intercruzarem nos deixam a todos sem nexo, sem vozes, sem atos?

poetas que poetas somos no paraíso ou na agonia
sempre filhos da mesma poesia
origem que formula a indagação da própria  poesia
que imprime e comprime e irrompe


                                                        na poesia

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