Vruuuuuum, uóóóóóóóóó, bi-bi, bi-bi, bi-bi... O trânsito em São Paulo é mesmo uma
loucura! O andar apressado e os rostos tensos comprovam que o tempo é curto para
tudo o que se pretende fazer.... Por sinal, quantas vezes você já ouviu que o
dia deveria ter mais que 24 horas para encaixar a nossa agenda?...
O semáforo abre para os pedestres passarem. Eles correm de
um lado para o outro, sob o olhar impaciente dos que estão ao volante. As duas
frentes humanas se encontram. Quando se esbarram, não existe preocupação em
pedir desculpas. É preciso seguir em frente...
Executivos, estudantes, donas de casa, mães carregando ou
segurando os filhos pela mão, mendigos, pedintes, desocupados... Todos dividem
o pequeno espaço da calçada. Mal se olham. Para que perder tempo se o relógio
continua andando?...
Uns falam apressadamente ao celular, enquanto outros,
sentados à espera do ônibus, enviam mensagens de texto.
A descida para o metrô precisa ser rápida. O trem subterrâneo
para por poucos segundos e ninguém quer ficar de fora. Formigas urbanas no
metrô... E corra se quiser uma vaga para sentar! Ser idoso, por exemplo, nem
sempre é garantia de que terá a preferência... Ah, e cuidado com a faixa
amarela! Cuidado para não prender os pés no embarque ou desembarque! Cuidado
com as bolsas e mochilas, porque os amigos do alheio não descansam...
Fique atento à voz que informa sobre qual é a estação seguinte
e de que lado da porta deve desembarcar. Se apresse, porque pedir licença
também não é garantia de que vão deixar você passar...
Enquanto tento me equilibrar de pé com a mochila e a mala,
rumo à estação Tietê, uma estranha e grossa fumaça começa a subir rapidamente do
lado direito. As pessoas se assustam. Uma mulher grita: “Olha só isso, esse
vagão pode explodir!”. Foi o que bastou. Quando a porta se abriu, muitos se
precipitaram para a saída, empurrando e pisando nos pés uns dos outros. Mesmo
com o peso da bagagem, corri para a porta e pulei, arrastando a mala e cuidando
para não ser atropelada pela massa desesperada. Por sorte, ninguém caiu, porque
as portas se fecharam rapidamente...
Lá fora, pavor total. O ambiente estava impregnado por um
cheiro tóxico que lembrava pneu queimado. Alguns passaram mal. Pouco depois aparece
um segurança e explica que o problema ocorreu em uma das rodas do trem, que
travou e provocou um atrito: “Estão consertando na estação da Sé. Agora está
tudo sob controle”. Ufa!
Vem o vagão seguinte e embarco. A fumaça tóxica está
impregnada em tudo, até nas narinas...
Estação Tietê chegou e desembarco. Alívio... Cheguei a tempo de pegar o ônibus de volta para Jaraguá do Sul.
Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre (RS) e radicada em Jaraguá do Sul (SC), Brasil, desde outubro de 1996.
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