quinta-feira, 13 de setembro de 2012

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Pequenas histórias 17

 








                                              Escorrego em palavras
 
Escorrego em palavras pontiagudas.
Em palavras retaliadas de angustia.
Em palavras de sofrida penúria
Em palavras de raiva profunda
 
Escorrego em palavras que dos teus seios túrgidos pela emoção, cujo frio
enrijece os bicos, surgem como espetos furando minha pele de macho esfomeado.
Escorrego em palavras úmidas que em teu ventre faço pouso e, em teu umbigo
numa lambida, me acomodo no lento caminhar do tempo por nós esquecido.
E permaneço longo segundos sentindo o respirar, que num sobe e desce,
entrecortado pelo resfolegar do desejo, tento captar o segredo da vida.
E entre as tuas pernas, escorrego em palavras que me prendem na armadilha
ao oferecer o sabor adocicado em minha língua nas tuas virilhas.
Escorrego em palavras mudas ao me embrenhar na mata espessa onde com a
espada em riste, espanto o monstro da solidão.
 
Escorrego em palavras não ditas
Escorrego em palavras não proferidas
Escorrego em palavras sofridas
Escorrego em palavras malditas
 
Assim é mais um capítulo da minha vida
 
 
pastorelli

 

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