...Então, naquela manhã, acordei e olhei o espelho. E vi uma cara
amassada de ter ficado muito tempo na mesma posição sobre as dobras do lençol.
A pele estava vincada e os vincos eram vermelhos. E faziam um contraste
terrível com a minha brancura. Algo mórbido, como se eu tivesse sido retalhada
e agora guardasse fundas cicatrizes...
...Mas não era nem retalho nem cicatriz. Era o amassado das dobras do
lençol sobre a minha pele branca demais. E a minha cara era meio
desconhecida...
...Tinha um quarto de paredes amarelas em redor. Tinha uma mesa em frente
à janela, com um espelho emoldurado de madeira por cima, pequeno demais pra eu
reconhecer qualquer coisa nele, até o meu rosto. Aquele quarto era pequeno
demais pra eu reconhecer qualquer coisa nele...
...E entrava um sol forte pela janela. Devia ser tarde. Olhei o relógio,
mas não vi nada. Então lembrei que tinha uns óculos sobre a mesa, lentes
grossas e armação pesada. Peguei, apoiei sobre o nariz, encaixei atrás das
orelhas, como se fosse alguma coisa importante assim pra ser descrita
minuciosamente. Olhei pra minha cara amassada no espelho...
...E vi que...
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