segunda-feira, 29 de outubro de 2012

0

Meia Atum, Meia Muçarela



Desde que você entrou na minha vida, o mundo é um lugar bacana. Continua repleto de miséria, injustiça e sofrimento, mas é tão bom quanto poderia ser, quando estou do seu lado. Prova de que gosto desse mundo, é que deixo para observá-lo quando estamos sós. Quando a madrugada deixou para trás os dias e as pessoas. Então sobramos apenas eu, o mundo, alguns insones e a falta que você me faz.

Nessas condições, sozinho com o mundo, me peguei na cozinha, chorando copiosamente. Que nem criança sentida mesmo, com soluços e melecas. Fui lavar a louça da madrugada e lá estavam os restos do nosso amor. Seu gosto na beirada do copo que dividimos. Nossos pratos empilhados, como nossos corpos deveriam estar. O talher de lado, como você tem mania de colocar. Tudo ali, menos você.

Completando a cena, em cima do fogão estava o resto da pizza. Meia atum, meia muçarela. Isso é tão a gente, não acha? Foi então que as lágrimas começaram a escorrer. Aquele resto de pizza, mais do que um jantar, refletia nossas personalidades, nossos jeitos e a maneira como nos relacionamos. (O atum expandiu no forno, avançou as fronteiras do seu vegetarianismo e a pizza tornou-se uma orgia de sabores).

Não nasci para despedidas. Deixei isso claro desde aquela vez em que você quase se foi. Amor não é que nem ventilador de teto, que a gente liga e desliga com um botão, controla ainda o sentido e a intensidade. Seria interessante que fosse, mas não é. Você tem sua vida, que nem sempre te permite terminar as pizzas que começa comigo. Eu tenho a minha que... Bem, é sua.

Queria você aqui sempre. Você sabe.

Mesmo que fosse só para me ajudar com a louça. Mas não é. (Jeito estranho de dizer "eu te amo").

Amor,

Seja o primeiro a comentar: