sábado, 13 de outubro de 2012

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Pequenas histórias 24

 
 
 
 
 
 
 
                                                                   Sagitta 3

Sim conseguirei, disse a si mim mesmo, não me preocupo com o significado da palavra, sei que conseguirei, e, no entanto, surge, enovelando tudo com a fragrância do desprezo, a indolência dos mortos vivos, como sentimento de tristeza ao estampar a negatividade. Não sabia trabalhar os sentimentos, desconhecia o processo, não lhe ensinaram a burilar o negativismo, não lhe ensinaram nada, muito menos viver e, viver era difícil!
Lábios finos, devastador, sensual, nunca apresentou uma pequena fresta de alegria, seus lábios não se abriam para um largo e franco sorriso. Quando lhe perguntavam por que não sorria, sua resposta era:
“Cristo nunca sorriu, porque devo sorrir.”
As pessoas não lhe diziam nada, uma ou outra fazia menção, pois o gesto estacionava no ar das rugas. Ele percebia e se calava. A chuva caia torrencialmente. Se não fosse a chuva já teria deixado o Solar dourado. Não poderia esperar muito. Depois da flecha lançada não tinha como voltar atrás. Obrigado estava a seguir o curso do destino. A seguir o rastro da flecha. Tinha conhecimento de Sagitta. Sabia da sua existência, não conhecia sua importância no universo sonoro e no sistema cósmico. Podia prever o que lhe representava. Havia uma pequena, talvez noção do que representaria a ele, ser não místico, que vivia apenas para preencher o dia-a-dia da sua existência. Portanto, quando foi apresentado a Sagitta, previu um estremecimento interno de que em Sagitta estaria a luz que tanto vinha procurando. Tomou ao pé da letra tal apresentação, no entanto, dias depois, notou que precisaria percorrer um caminho sombrio, com pouca luz. Procurou conhecimentos maiores sobre o assunto, indagou aqui e ali, consultou os caminhos informáticos, os caminhos das constelações, do universo, das estrelas, da lua, do cosmo e, não encontrou nada, quer dizer, o que encontrou nada lhe dizia da grandeza de Sagitta. As informações não levavam a lugar nenhum. Assim sendo, se acomodou no canto da alma se aquecendo no conhecimento até então, adquirido.

pastorelli

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