segunda-feira, 15 de outubro de 2012

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poema dezanove do meu livro "hierofania dos dedos"

(pintura de Peter Hurd, "Eve of St. John", s/d)


19.

sossega
sossega caminheiro
e escuta o som das aves
que anunciam a antemanhã
dos lábios,

sossega
sossega viageiro
e coloca o corpo em guarda
para que desenhais, por
entre os dedos,
o brilho fluído da
semente,

sossega,

sossega e lembra-te do que
disse o mestre: a palavra não
existe antes do mundo e o
que vês apenas vês quando
os olhos dormem,

no silêncio amanhecido
da flor em brasa.

Jorge Vicente

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