quinta-feira, 1 de novembro de 2012

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ENGRENAGENS - JANDIRA ZANCHI










calmaria  sem suor na madrugada lisa que avança, quase esquecida,
 com pequenos  sustenidos  -- brandos e mancos – documentados 
e arranjados de todos os passantes dos dias de feira e beira
assados e criados no sol dos dias céleres e vivos
rodopiando vidas horários engrenagens
cá e lá um sorriso e namorados se esquentando no parque
e na praça nos bancos de vadiagem

quase sem olhos tantos se  esgueiraram  entre margens e fados deixando
pequenas conchas de favores  - nem sequer pedidos -  aos ares e
fumaças do correr do dia vida e rotina ventos e tenazes
enquanto na fila dos desempregados mãos estreitavam cabeças e
alguns olhos – aí sim – expressivos e latentes súplicas perdidas
ardidas temidas encolhidas submetidas
sem a lira leve frouxa dos desatinados que colhiam às 13:00 desse sábado
as sobras distribuídas das frutas e favas da feira no átrio

desejos e palavras e vantagens de alguns sonhos que mirei
se ainda fosse possível colher novidades e milagres

mas, parece que é bento e suave o nascimento
e se vertigem é a alma e a necessidade  e o perfil e o estado
correm pétalas e o líquido e alguma santidade.

2 comentários

Jorge Xerxes

Jandira,

Gostei Muito de Seu Poema!

Especialmente do trecho destacado abaixo:

quase sem olhos tantos se esgueiraram entre margens e fados deixando
pequenas conchas de favores - nem sequer pedidos - aos ares e
fumaças do correr do dia vida e rotina ventos e tenazes
enquanto na fila dos desempregados mãos estreitavam cabeças e
alguns olhos – aí sim – expressivos e latentes súplicas perdidas
ardidas temidas encolhidas submetidas
sem a lira leve frouxa dos desatinados que colhiam às 13:00 desse sábado
as sobras distribuídas das frutas e favas da feira no átrio

Um Beijo! Jorge

Jandira Zanchi

)brigadaa, querido, você é sempre muito gentil, além de muito talentoso, é claro!Beijo também.