quinta-feira, 1 de novembro de 2012

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Gelo estável


O enredo da bala cruzando
os olhos do pátio
‒ fingindo inocência

O milésimo seguinte
            ‒ oculto ‒
no deblun do tempo

O bolso vazio
do corpo
embalado em papelão
num beco
de saudosas paisagens

A verdade
do paquiquerme
cobrindo os olhos
com enormes orelhas

O rústico desfiando
o pelo do urso
sob os pés
enlameados

As lantejoulas
vestindo  perdulários
na simetria dos quatro
cantos da casamata

A textura vulgar
do remendo
da insensatez

A pústula
que não rompe
não vasa
pois já não importa.

Jorge Elias Neto

2 comentários

Jorge Xerxes

Jorge,

Gostei Muito de Seu Gelo Estável!

Especialmente das Duas Últimas Estrofes.

Um Forte Abraço! Jorge

Jorge Elias

Jorge Xerxes, que coisa boa! ...
Poder estabelecer uma interlocução, uma conversa aqui no Letras et cetera ...
Faz falta poder discutir, ouvir comentários, críticas. Este espaço possibilita uma leitura do poema antes que ele seja publicado, em um formato definitivo.
Obrigado por seu comentário.


Um forte abraço para você também!