terça-feira, 6 de novembro de 2012

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Na noite





A noite apaga todas as imagens, ela afasta os contornos, encobre as cores. Todas as cores e os brilhos, todos os reflexos e todos os contornos. Já não há fronteiras, linhas, muros, paredes, nada. Todos os mundos estão interligados, todos os sonhos estão livres. Os pesadelos também... a liberdade extrema, o medo extremo. Tudo está solto. Todas as possibilidades da existência se contorcem, retorcem e saltam na grande liberdade negra, o espaço liso, maior que o mar, maior que tudo. Bem, mal... se é que se possa defini-los dentro dessa dicotomia medieval... forças.... tudo está definitivamente livre... todos os humores e pudores, todas as atrocidades, todos os berros intensos... todas as mais intensas dores... o tempo na escuridão não é mais tempo, é nada. Um grande nada. E então eu estou correndo. Um fluxo... força.... buscando o caos...  há somente o choro... um lamento cortado que sibila pela densidade negra, um soluço... pra lá da estrada, pra longe do perímetro, pra dentro do campo. Cercas de arame, tombos... e estou parado. 

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