A noite apaga
todas as imagens, ela afasta os contornos, encobre as cores. Todas as cores e
os brilhos, todos os reflexos e todos os contornos. Já não há fronteiras,
linhas, muros, paredes, nada. Todos os mundos estão interligados, todos os
sonhos estão livres. Os pesadelos também... a liberdade extrema, o medo
extremo. Tudo está solto. Todas as possibilidades da existência se contorcem,
retorcem e saltam na grande liberdade negra, o espaço liso, maior que o mar,
maior que tudo. Bem, mal... se é que se possa defini-los dentro dessa dicotomia
medieval... forças.... tudo está definitivamente livre... todos os humores e
pudores, todas as atrocidades, todos os berros intensos... todas as mais
intensas dores... o tempo na escuridão não é mais tempo, é nada. Um grande
nada. E então eu estou correndo. Um fluxo... força.... buscando o caos... há somente o choro... um lamento cortado que
sibila pela densidade negra, um soluço... pra lá da estrada, pra longe do
perímetro, pra dentro do campo. Cercas de arame, tombos... e estou parado.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário