quarta-feira, 4 de março de 2015

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RAIVA

porque nessa raiva traduzo atos
em vidas e mortes dos amores
lembrados em devotadas imagens
pontiagudas onde corpos são içados
ao espaço gongórico dos desejos
nos anos esquecidos das simulações
e gozos cometidos nos estertores
das revoltas desdobradas em alijamentos
e tormentos redivivos dos primeiros espaços
desacordados nas discussões áridas
a esterilizar horas de saudades apostas
em momentos menores de termos estados
juntos: singelos seres desprovidos
das maldades no âmago
e na raiva conhecem a mão
afagada no jogar a pedra sobre a fronte
que queda na calçada: a fronte e a pedra.

(Pedro Du Bois, inédito)

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