Pegou o extrator
Pegou o extrator enfiando a ponta por baixo do grampo e num só movimento, rasgando a pele do fraco papel que sangrou lágrimas de letras e números emporcalhados em débitos, créditos, saldos, dívidas, extraiu o pequeno metal enferrujado. Sentiu-se potente, nada o derrubaria naquele momento em que se aconchegou na voz melodiosa de Amy Lee.
Não era sua musa,
aliás descobriu que não tinha musa nenhuma, amava todas e nenhuma em
particular. Ruan não colecionava pôster pelas paredes do quarto, não
demonstrava a imbecilidade ejaculatória como brinde, preferia as paredes
totalmente brancas.
Sentado no meio do quarto, com as janelas fechadas, na maior escuridão, a voz de Amy Lee perfurando a essência da carne, levava-o a viajar por mundos surrealistas. Levitando o corpo atravessou a parede branca projetando-se em solos ao acompanhar dos dedos do guitarrista.
Sentado no meio do quarto, com as janelas fechadas, na maior escuridão, a voz de Amy Lee perfurando a essência da carne, levava-o a viajar por mundos surrealistas. Levitando o corpo atravessou a parede branca projetando-se em solos ao acompanhar dos dedos do guitarrista.
Sorriu, sorriu ao
divisar um ombro moreno que uma blusa deixava amostra. E levemente, sem que a
dona do ombro notasse, depositou em forma de flor, um beijo agradecendo por
divisar entre escombros humanos a vida que ali pulsava docemente iluminando a
existência.
pastorelli
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