terça-feira, 14 de junho de 2016

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Pequenas histórias 225.

Todos os dias



Todos os dias de manhã encontrava dificuldade ao tomar o fretado. O espaço entre os bancos era restrito, mal dava para passar, além do que, o pobre do rapaz precisava se levantar para que ele pudesse sentar. A culpa era das duas passageiras da frente, folgadas, deitavam o encosto dos seus bancos bem baixo ocasionando todo o desconforto para os passageiros de trás, isto é, ele e o rapaz. Para o rapaz, sentado no lado do corredor não tinha nenhuma dificuldade, e, também fazia a viagem toda dormindo. Já ele não, precisava passar pelo banco do rapaz e sentar no lado da janela, mas tudo bem, isso não era tão drástico assim.
Como já tinha deixado à companhia do detetive belga, Hercole Poirot, e, a partir de hoje teria a companhia da menina que ainda não conhecia, sabia apenas o título ou, melhor, o apelido dela: A Menina que Roubava Livros tinha de se virar como podia no exíguo espaço das poltronas. Os livros de Agatha Cristhie não são volumosos no tamanho, são pequenos, a encadernação boa, letras, pequenas, por isso se acomodavam perfeitamente no espaço entre ele e o encosto da outra poltrona. Já A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak, sendo maior tornava desconfortável sua leitura. Não que seja um livrão, em relação ao O Caso dos Cincos Porquinhos, mas é bem maior. Havia a impossibilidade de colocar no colo, coisa que também não o fazia por suas letras grandes. Assim sendo foi obrigado a encostar A Menina no encosto da poltrona da frente o que poderia, ocasionalmente, bater na cabeça da passageira. No entanto não se importava se desse esse desconforto à estranha mulher da frente que, também, fazia a viagem toda dormindo. Assim, ele começou a ter a companhia da A Menina que Roubava Livros.

pastorelli

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