quinta-feira, 11 de agosto de 2016

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A DIFERENÇA ENTRE OS DIAS

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Entra pelo pátio e vislumbra a árvore carregada
em frutos, não espera a hora da colheita; a hora é agora
e a mão se afasta em leque sobre o galho; tem na mão
a fruta ainda verde, o vento entre a ramagem
indica a fonte e o pássaro negro em plumagem
indiferente à árvore e ao fruto põe os olhos no homem
que tem na mão a fruta; não ensaia o voo; conhece
seu limite e teme pela sorte, a mão carrega o fruto
despreparado para ser comido; a água não apressa
o futuro; mesmo limpo está impuro; a vida é assim,
seca de ressentimentos, úmida de carinhos, aguada.

(Pedro Du Bois, em A DIFERENÇA ENTRE OS DIAS, edição do autor/2005)

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