sexta-feira, 11 de maio de 2018

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ARTE: VOCAÇÃO E PAIXÃO



            A arte de pensar. A arte de não pensar em nada, desperta a calma. Desperta o silêncio.
            A arte de ler uma obra leva o pensamento ao coração. Deixa a imaginação ir e vir espontaneamente. Entregar-se de corpo e alma ao texto faz sentir o prazer tomar conta de nós. Concentrar-se é manter a expressão, sonhar o melhor, despertar.
            A arte de escrever, fazer literatura, leva-nos a pensar sobre as “estrelas” das letras, que nos embalam no tempo. Respire fundo. Sinta a diferença: alguns literatos que nos provocam sensação de bem estar...
            Castro Alves aos vinte e três anos escreveu O Navio Negreiro. O texto é marco do romantismo brasileiro. O mais célebre poema sobre a abolição. Foi o principal nome do período. Morreu aos vinte e quatro anos.
            Raquel de Queiroz aos dezenove anos publicou O Quinze. O livro é uma das principais obras da literatura regionalista do Brasil.
            Álvares de Azevedo morreu aos vinte e um anos e deixou centenas de páginas de poesia e prosa, que estão entre as mais importantes do romantismo.
            Ferreira Gullar aos vinte e quatro anos publicou A Luta Corporal; com esse livro o poeta começou a busca da linguagem que desembocaria no concretismo.
            José Saramago teve editado o seu primeiro romance importante aos cinquenta e quatro anos.
            Essas artes reproduzem a cultura instalada e criada pelas “estrelas” das letras, e mantém certo poder de encantamento. Conforme Antônio Cândido, “A literatura é uma atividade sem sossego.”
            Na arte da leitura encontramos, detalhadamente em seus livros, a produção de cada um deles que, por sua vez, influenciam e mapeiam a atual literatura, demonstrando vocação e paixão pela arte.
            Tem coisas que não mudam; a paixão pela arte é uma delas; sinônimo de sentimento porque é como estar junto de quem nos faz bem. É estar na companhia de escritores e músicos. Sem sobressalto, curtimos os sons e as palavras, como nas sinfonias de Beethoven e, na literatura, a Sinfonia de Cores, de Helena Kolody ou na Sinfonia de Cores, de Fernando Andrade.
            Essas referências ampliam o nosso horizonte e nos levam a confrontar gostos e opiniões; sair da rotina e experimentar outras sensações; aprendizados, que nos encorajam e ajudam abrir nossas mentes e as tornar criativa. Como em Luiz Felipe Loureiro Comparato, talentoso roteirista que, entre tantas produções, em 1983, escreveu o livro Roteiro, que o projetou culturalmente em muitos países. Seu livro é obra única no gênero. Foi editado em vários países da América Latina, na Espanha, na Itália e em Portugal.
            Sempre um produto de suporte às minisséries, escrito devido à experiência que o autor teve na área: Lampião e Maria Bonita, Malu Mulher, Plantão de Polícia, Carga Pesada e O Tempo e o Vento.
            Para Comparato, no Brasil, não só para sobreviver, mas, para manter o padrão de vida é necessário trabalhar quatro ou cinco vezes além da sua capacidade. No exterior é diferente, as pessoas se envolvem durante quatro meses com um roteiro e, nos outros oito meses, estuda, lê e recompõe suas forças para o próximo trabalho.
            A primeira produção de Comparato no exterior foi em parceria com Gabriel Garcia Marquez, com o original do escritor colombiano, “Alugam-se Sonhos”. Também, trabalhou no roteiro de “O Homem que Descobriu o Paraíso”, programa especial para a televisão soviética sobre a expedição de Langsdorff ao Brasil.
            Comparato diz, “Gosto mais de escrever para o teatro. O desafio é maior. Você tem o desafio do espaço e o desafio do tempo. Você pode delirar...”   
            Essa sabedoria é intensa, quando na arte vivemos a intensidade de como ele mexe com o nosso olhar e pensamento e, ainda, sobre o efeito, sobre nós, da sua vocação e paixão pela cultura.

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